Golpes comuns na Itália – e como evitá-los
A Itália é linda, mas é bom viajar com os olhos bem abertos e a bolsa bem fechada.
Viajar pela Itália é um sonho – e com razão! As cidades são lindas, a comida é maravilhosa e a história está por todos os lados. Mas, como em qualquer destino turístico famoso, é preciso ficar esperto. Infelizmente, tem muita gente mal-intencionada que se aproveita justamente do nosso encantamento, da nossa distração e até da nossa boa fé. Por isso resolvi escrever esse post com algumas situações que já vi acontecer por aqui – algumas comigo mesma – pra te ajudar a curtir sua viagem com mais tranquilidade e sem perrengues.
O "presente" que vira cobrança
Um dos golpes mais clássicos é o da pulseirinha da amizade (ou da rosa, ou qualquer outro “presente” oferecido na rua). Funciona assim: alguém se aproxima com um sorriso simpático, amarra uma pulseirinha no seu pulso antes mesmo de você entender o que está acontecendo e diz que é um regalo (presente). Mas logo em seguida começa a cobrar — e às vezes até insiste de forma meio agressiva se você tenta recusar. O melhor a fazer é não deixar colocarem nada em você. Agradeça com um “No, grazie!” e siga andando, sem dar abertura.
A maquininha "quebrada" do táxi
Outro golpe super comum é o do taxista com a maquininha de cartão "quebrada". Acontece muito: você entra no táxi, chega ao destino e, na hora de pagar, o motorista diz que a máquina não está funcionando. Ele só aceita dinheiro, mas adivinha? Também não tem troco. Resultado: você paga mais do que deveria e ainda sai com aquela sensação de ter sido feito de bobo. A dica é perguntar antes de entrar no carro quanto custará a corrida, se ele tem troco ou se aceita cartão. E sempre que possível, prefira táxis oficiais (com identificação visível) ou use apps como Free Now ou Uber quando disponíveis.
O golpe do abaixo-assinado
Parece inocente: alguém chega com uma prancheta pedindo pra você assinar por uma causa nobre – algo como “ajude as crianças surdas” ou “apoie a paz mundial”. Enquanto você assina, outra pessoa se aproxima por trás e, quando você vê… sua carteira ou seu celular sumiram. Às vezes, depois de assinar, ainda te pedem uma contribuição em dinheiro. Se alguém se aproximar com uma prancheta e caneta na mão, pode saber: é cilada, Bino!
Artistas de rua e armadilhas no chão
Falando em cilada, cuidado com alguns artistas de rua que deixam suas artes espalhadas pelo chão, principalmente em pontos turísticos. Se você estiver distraído e pisar sem querer em algum desenho, o artista vai reclamar que você estragou a “obra” e exigir que você pague. Já ouvi até casos de gente que colocava o papel discretamente embaixo do pé de quem passava, só pra forçar a situação. Então vale dar uma olhadinha por onde anda, especialmente em ruas muito movimentadas.
Cuidado com cambistas de ingressos
Em cidades turísticas como Roma, é comum ver vendedores abordando turistas nas portas de atrações famosas como no Coliseu ou no Vaticano. Eles chegam com muito carisma e perguntam se você já tem ingresso. A partir daí, começam a criar um discurso pra te convencer a comprar o ingresso com eles.
Geralmente dizem que o seu ingresso não dá acesso a todas as áreas, ou que com o deles você pode furar fila — o que muitas vezes não é verdade. Outro golpe comum é vender ingressos que geralmente são gratuitos por preços absurdos, como acontece com a audiência papal no Vaticano, que é totalmente gratuita. O ideal é sempre comprar com antecedência, nos sites oficiais ou em pontos de venda confiáveis.
Fotos com personagens
Outro golpe que vejo muito em pontos turísticos por aqui são as pessoas fantasiadas de alguma coisa, como gladiadores ou personagens diversos. O problema é que essas fotos quase sempre vêm com cobrança — e cara. Mesmo que você tire de longe, pode ter dor de cabeça. Se tirar foto junto com o personagem, combine o valor antes, senão ele vai cobrar o que quiser depois. E ainda tem outro detalhe: às vezes você combina a foto com um, mas no momento em que vai tirar, aparece outro personagem que entra na imagem sem ser convidado… e aí os dois querem receber.
Tem também a famosa “foto com os pombos” (e, vamos combinar, um tanto questionável) em frente ao Duomo de Milão. Eles te oferecem um pouco de ração pra atrair os pássaros, dizem que é para a foto, e depois começam uma negociação sem fim por esse “serviço fotográfico”. Eu, sinceramente, acho de mau gosto e até meio perigoso pra saúde, mas cada um com sua vibe.
Ajuda que sai cara
Nas estações de metrô ou trem, é comum aparecer alguém tentando ajudar quando você está comprando bilhetes nas máquinas automáticas. Mas atenção: essa ajuda costuma vir com segundas intenções. Depois de “ajudar”, a pessoa vai pedir dinheiro ou, pior, tentar te distrair pra te roubar. Se você tiver dificuldade, prefira comprar diretamente no guichê com um atendente. E lembre-se: há policiamento nas estações. Se alguém te incomodar, não hesite em procurar um policial.
O copinho no meio da calçada
Outra pegadinha que já vi acontecer é com pessoas pedindo dinheiro na rua. Elas colocam o copinho ou chapéu um pouco afastado de onde estão sentadas, geralmente em calçadas estreitas e movimentadas. A ideia é que alguém esbarre ou chute o copo sem querer e, por remorso, acabe deixando uma quantia maior. Nem sempre é maldade, claro – tem muita gente que realmente precisa de ajuda. Mas é bom estar atento pra não cair em manipulações.
Cuidado com o que fica no carro
Em cidades muito turísticas como Pisa, é comum os viajantes fazerem apenas um bate-volta, param o carro rapidinho, vão tirar a famosa foto na Torre e quando voltam… surpresa: o carro foi arrombado e os pertences sumiram. Os ladrões já sabem que muita gente deixa malas e objetos de valor no carro, e aproveitam justamente essa brecha. A dica aqui é simples, mas importante: não deixe documentos, eletrônicos ou nada de valor no carro, nem por pouco tempo. Leve o essencial com você e, se for estacionar, prefira um estacionamento particular e vigiado.
O troco "errado" nos pequenos comércios
Uma coisa que me aconteceu pessoalmente foi num desses pequenos comércios em áreas turísticas. Na hora de pagar em dinheiro, entreguei uma nota de 50 euros e a pessoa me deu um troco muito menor que o devido, dizendo que eu tinha dado uma nota de 20 e que eu tinha me enganado. Foi tão rápido que quase duvidei de mim mesma! Desde então, aprendi a dizer em voz alta o valor da nota que estou entregando (“sto dando cinquanta, eh?”), olhando bem nos olhos da pessoa. Se pagar com cartão, confirme o valor antes de aproximá-lo.
Restaurantes pega turista
Sabe aqueles restaurantes que ficam bem em frente a atrações turísticas super famosas, com garçons chamando em várias línguas e um cardápio cheio de fotos dos pratos? Pode ter certeza: são feitos sob medida pra turista (turista bobo, no caso). E normalmente, isso não é um bom sinal.
Esses lugares costumam cobrar caro por pratos muito simples, e a comida geralmente deixa a desejar. Não é raro também existir dois cardápios diferentes: um em italiano, com preços normais, e outro em inglês (ou outros idiomas), com valores inflacionados – aproveitando que muitos turistas não têm noção do preço justo das coisas por aqui.
Se puder, fuja desse tipo de lugar. Caminhe algumas ruas pra longe dos pontos mais movimentados e procure restaurantes onde os próprios italianos comem.
Attenzione pickpocket
E claro, não dá pra deixar de falar dos batedores de carteira — os famosos pickpockets, ou borseggiatrici, como chamam por aqui. Eles estão por toda parte: nas estações de trem, dentro do metrô, em ônibus lotados, lojas movimentadas e nos pontos turísticos mais famosos. Costumam agir em dupla ou em grupo, e muitas vezes você nem percebe. Uma pessoa te empurra “sem querer”, enquanto outra aproveita o momento pra abrir sua mochila ou enfiar a mão no bolso do casaco.
A dica é usar bolsas com zíper — e, se possível, com cadeado — ou cruzadas na frente do corpo. Evite carregar carteira ou celular no bolso de trás. Ah, e não subestime esses mestres do furto: eles são rápidos, discretos, bem vestidos e estão acostumados a agir sem levantar suspeita.
Resumindo: não tenha medo de dizer NÃO, mesmo que isso te faça parecer grosso e mal educado. Recuse presentinhos, combine preços antes, fique sempre atento com seus pertences. Se ainda assim você for vítima de algum golpe ou furto, o número para chamar os ‘carabineiri’ é 112.
No fim das contas, a Itália continua sendo maravilhosa e vale cada segundo. Esses alertas não são pra te assustar, mas pra te deixar mais preparado. Com um pouquinho de atenção e alguns cuidados simples, dá pra evitar muito perrengue. Afinal, ninguém quer lembrar da viagem dos sonhos por causa de um golpe, né?
Se você já passou por alguma situação parecida por aqui, me conta nos comentários. E se tiver um amigo ou amiga de malas prontas pra Itália, manda esse post pra ele(a)!